HISTÓRIA NÃO-AUTORIZADA PELOS DONOS DO BRASIL
Governo e Congresso vêm nos enrolando há muito tempo. Não há um santo dia em que não falem da necessidade das reformas de base. Eles que se metam. Foi assim que começou a Redentora, em 1964. Então aqui, um resgate, sem compromisso com o que contam os donos, uns bocados maldigeridos dessa história sempre muito malcontada:
Governo e Congresso vêm nos enrolando há muito tempo. Não há um santo dia em que não falem da necessidade das reformas de base. Eles que se metam. Foi assim que começou a Redentora, em 1964. Então aqui, um resgate, sem compromisso com o que contam os donos, uns bocados maldigeridos dessa história sempre muito malcontada:
De 61 a 64 o governo João Goulart andava num fio de arame diante dos atrevidos movimentos das massas e da força dos conservadores que empurravam pra baixo as mesmas reformas de base hoje prometidas a cada momento.
Quando assumiu o lugar de Jânio Quadros, varrido da presidência, deu de cara com as ruminações de um golpe de Estado. Sabe por onde ele andava? China. Só voltou porque “aceitou” o parlamentarismo que os militares queriam e pelo qual batiam pé e reclamavam.
Isso de ter um presidente e um primeiro-ministro durou um ano e pouco. Aí, Jango se achou; sentiu-se forte e rijo e acabou com o regime. Queria, na verdade, engordar o seu mandato por mais uma temporada. Bancava, assim, o Getúlio Vargas de 1937.
Deu com os burros n’água. Os conservadores fizeram coalizão - olha só o jeito que já apelidavam o mensalão oficial - com a CIA-Central Intelligence Agency, e se aproveitaram da ingenuidade da esquerda que se julgava forte e altaneira. Em fevereiro de 64 o país era uma baderna. Não confundir com taberna que isso era coisa que a turma do palácio só freqüentava nos cassinos de Montevidéu, Punta del Este e Piriápolis. Dizem que por ali sumia a grana da Aliança Para O Progresso que John Fitzgerald Kennedy mandava para cá. A bem da verdade, observadores juravam que o dinheiro dos canos americanos escorria por entre os dedos de Carlos Lacerda, no Rio; Adhemar de Barros, em São Paulo e Ildo Meneghetti, nos Pampas.
Em março, fizeram no Rio de Janeiro, um grande comício para anunciar as reformas de base. Essas mesmas com que nos engambelam agora, enquanto Lula anda pelas Índias, Bolívias e Venezuelas. E, com muito menos pompa e circunstância que a Parada Gay de um colorido e irisado domingo em São Paulo, lá estavam então em solo carioca cerca de 200 mil seguidores de Jango: pessoal da CGT-Comando Geral dos Trabalhadores, da UNE–União Nacional dos Estudantes e da FMP–Frente de Mobilização Popular.
A Hierarquia Católica – bancando porta-voz das forças conservadoras meteu mais que a mãe no meio – convocou a primeira “Marcha com Deus pela Família e pela Liberdade”. A classe média, louca de medo de que os comunistas comessem tudo que era criancinha, foi para as ruas da paulicéia e, desvairada, empatou as contas: eram também mais de 200 mil militantes.
Jango quis demitir e prender o general Castello Branco. Começou a dançar. No dia 25 daquele mesmo março, marinheiros e fuzileiros se amotinaram na sede do Sindicato dos Metalúrgicos. A festa foi comandada pelo denodado Cabo Anselmo que - só muito tempo depois se descobriu - era um agente infiltrado. Seu negócio era fomentar o golpe.
No dia 30 de março teve festança no Automóvel Clube do Rio de Janeiro. Lá estavam Jango e o Cabo Anselmo. O presidente ficou sabendo ali mesmo que tropas do Exército vinham das Minas Gerais para invadir o Rio de Janeiro e tirá-lo pra dançar. Nem se antenaram de que já não era mais carnaval. Alguém gritou a bons e plenos pulmões: - Olha o Bloco do Golpe aí, gente!
Leonel de Moura Brizola, o cunhado da Nação, voltou logo para o Rio Grande do Sul. Reuniu militares chegados ao governo, mandou prender o governador Ildo Meneghetti e conclamou o país a se rebelar junto com os Grupos dos Onze, contra os golpistas. Demorou. Comeu mosca. Cochilou e caiu o cachimbo! Em Brasília o senador Auro de Moura Andrade, olhando de frente para um fuzil, declarou vago o cargo de presidente daquele Brasil. Ranieri Mazzili, então presidente da Câmara, assumiu por um tempo a presidência, mas quem mandava mesmo era o trio militar: Arthur da Costa e Silva, Francisco Correia de Mello e Augusto Rademaker.
Aí, sim Jango e Brizola se mandaram para o Uruguai. Ali, viveram felizes para quase todo o sempre. Ali, trataram de seus rebanhos, enquanto tentavam arrebanhar seguidores para dar um contragolpe que ficou para o Dia de São Nunca. Quem sabe tenha ficado mesmo é para quando começarem a fazer, de fato, as prometidas, cantadas, decantadas, encantadas e ainda necessárias reformas de base.
Isso de ter um presidente e um primeiro-ministro durou um ano e pouco. Aí, Jango se achou; sentiu-se forte e rijo e acabou com o regime. Queria, na verdade, engordar o seu mandato por mais uma temporada. Bancava, assim, o Getúlio Vargas de 1937.
Deu com os burros n’água. Os conservadores fizeram coalizão - olha só o jeito que já apelidavam o mensalão oficial - com a CIA-Central Intelligence Agency, e se aproveitaram da ingenuidade da esquerda que se julgava forte e altaneira. Em fevereiro de 64 o país era uma baderna. Não confundir com taberna que isso era coisa que a turma do palácio só freqüentava nos cassinos de Montevidéu, Punta del Este e Piriápolis. Dizem que por ali sumia a grana da Aliança Para O Progresso que John Fitzgerald Kennedy mandava para cá. A bem da verdade, observadores juravam que o dinheiro dos canos americanos escorria por entre os dedos de Carlos Lacerda, no Rio; Adhemar de Barros, em São Paulo e Ildo Meneghetti, nos Pampas.
Em março, fizeram no Rio de Janeiro, um grande comício para anunciar as reformas de base. Essas mesmas com que nos engambelam agora, enquanto Lula anda pelas Índias, Bolívias e Venezuelas. E, com muito menos pompa e circunstância que a Parada Gay de um colorido e irisado domingo em São Paulo, lá estavam então em solo carioca cerca de 200 mil seguidores de Jango: pessoal da CGT-Comando Geral dos Trabalhadores, da UNE–União Nacional dos Estudantes e da FMP–Frente de Mobilização Popular.
A Hierarquia Católica – bancando porta-voz das forças conservadoras meteu mais que a mãe no meio – convocou a primeira “Marcha com Deus pela Família e pela Liberdade”. A classe média, louca de medo de que os comunistas comessem tudo que era criancinha, foi para as ruas da paulicéia e, desvairada, empatou as contas: eram também mais de 200 mil militantes.
Jango quis demitir e prender o general Castello Branco. Começou a dançar. No dia 25 daquele mesmo março, marinheiros e fuzileiros se amotinaram na sede do Sindicato dos Metalúrgicos. A festa foi comandada pelo denodado Cabo Anselmo que - só muito tempo depois se descobriu - era um agente infiltrado. Seu negócio era fomentar o golpe.
No dia 30 de março teve festança no Automóvel Clube do Rio de Janeiro. Lá estavam Jango e o Cabo Anselmo. O presidente ficou sabendo ali mesmo que tropas do Exército vinham das Minas Gerais para invadir o Rio de Janeiro e tirá-lo pra dançar. Nem se antenaram de que já não era mais carnaval. Alguém gritou a bons e plenos pulmões: - Olha o Bloco do Golpe aí, gente!
Leonel de Moura Brizola, o cunhado da Nação, voltou logo para o Rio Grande do Sul. Reuniu militares chegados ao governo, mandou prender o governador Ildo Meneghetti e conclamou o país a se rebelar junto com os Grupos dos Onze, contra os golpistas. Demorou. Comeu mosca. Cochilou e caiu o cachimbo! Em Brasília o senador Auro de Moura Andrade, olhando de frente para um fuzil, declarou vago o cargo de presidente daquele Brasil. Ranieri Mazzili, então presidente da Câmara, assumiu por um tempo a presidência, mas quem mandava mesmo era o trio militar: Arthur da Costa e Silva, Francisco Correia de Mello e Augusto Rademaker.
Aí, sim Jango e Brizola se mandaram para o Uruguai. Ali, viveram felizes para quase todo o sempre. Ali, trataram de seus rebanhos, enquanto tentavam arrebanhar seguidores para dar um contragolpe que ficou para o Dia de São Nunca. Quem sabe tenha ficado mesmo é para quando começarem a fazer, de fato, as prometidas, cantadas, decantadas, encantadas e ainda necessárias reformas de base.
Até lá, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva só se revolta mesmo é com as aventuras de desventuras de Genival Inácio da Silva, Vavá - O 301º Picareta. (Foto: Arq/ABr)
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